segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Um cara distante e uma menina que imaginava possibilidades

Ela era diferente, ele sabia bem disso. Eles estavam longe um do outro e todos sabiam disso.
O que ela pensaria sobre ele? Será que ela usava mini-saia, usava salto, batom, era vaidosa? Talvez não, porque ele se achava tão... diferente que não apostava que ela seria normalzinha. Ele pensava que uma menina normalzinha não iria gostar dele.
E ele acertou, ela não era nada convencional, nem tradicional. Era tão única que... que ninguém saberia explicar, nem seus pais, nem mesmo ele que era observador. Ela também era muito observadora e sabia de coisas dele que ele nem imaginava que ela poderia saber, como por exemplo: ele ficava extramente chato quando ficava cansado. Ele não sabia que era assim até ela falar.
Formariam um casal lindo, se estivem perto.
Ele era tão lindo que ela morria de medo que tudo aquilo fosse mentira, que fosse apenas um sonho (o que ela tinha quase certeza). Ela se perguntava constantemente "o que esse menino lindo está fazendo sentado no meu jardim?", uma resposta que ela já sabia, já era comprovado, mas ela não queria aceitar, não queria acreditar. Por que? Porque é melhor esperar pelo ruim e se surpreender com o bom. Faz total sentido.
Ela era única, ele tinha certeza. Ela era muito boba, isso ele nem imaginava (ou imaginava), mas ela sabia muito bem que era boba, mas preferia deixar em off, afinal "ele não precisa saber de tudo. Um dia ele descobre (ou não)".
Maldito "ou não"! Sinal de pessimismo, sinal de pessimismo, mas que grande coisa, para ela isso era... digamos... normal. É, isso mesmo, NORMAL. Pra você não, né? Pra mim também não, como assim o pessimismo é normal? "Ele é lindo, eu sou feia, ele vive cercado de meninas lindas e eu nem conheço um cara lindo assim." Talvez ela tivesse lá os seus motivos, lá no fundo daquela cabecinha única, pra pensar assim.
Mas pra ele, ela era linda, ele tinha certeza disso. Pra ele, ela era inteligente e legal. Pra ela, ela era um pouco legal, sabia que era inteligente, mas sempre perdia a oportunidade de ser mais. "Que burra, viu?" Ela sempre dizia. Ele não se importava se ela era assim ou assado, ela querendo ou não, já havia mudado os planos (pelo menos um pouco ela havia mudado) dele. Ele cogitou a idéia de ir para perto dela, mas ela não se empolgou muito. Mentira! Ela ficou muito feliz, mas manteve os pés FIRMES no chão. Talvez firme até demais!
Ligar pra ele? Não! Por que? Orgulho e também aquela velha história de que 'se ele quer, ele liga', e ela de fato se prendeu a isso. Assumia para si que tinha saudade, mas besteira, saudade pra ela "ou a pessoa matava um dia, ou a pessoa se acostumava a sentir saudade, ou passava" e ela, por incrível que pareça, não sentia muito saudade. Mas quando sentia, dava até dó.
Ela esperava ele aparecer, esperava e nada. "Quer saber? Dane-se ele! Não liga pra mim, não ligo pra ele. Não pareço ser importante pra ele, então a sua importância pra mim vai acabar também!". Sempre radical, sempre! E chocava, até mesmo ele. Ele nunca estava preparado para os ataques de radicalismo dela, e ela sempre esperava o pior dele. Viu a diferença? Não há difereça! Ou há? Eles eram tão diferente e tão parecidos ao mesmo.
Ela gostava de músicos, mas nunca ficou com um, de fato, e ele não sabia nem tocar violão, nem dedilhar, nem apitar, quem sabe?! Ela gostava de meninos que faziam cursos 'intelectuais' como filosofia, história, ou jornalismo, publicidade. Resumindo: ela se limitava a caras do CAC (mesmo muitos sendo gay) e do CFCH, e pra variar ela nunca ficou com nenhum. Ele era totalmente diferente do que ela havia planejado, mas ele até que se encaixava bem nos seus planos, bem até demais. A questão era: ela se encaixava bem nos planos dele? E a resposta ela já sabia. Não, poderia se encaixar, mas ela não se encaixa tão bem nos planos dele quanto ele se encaixa nos planos dela.
Eram diferentes mesmo, mas se gostavam. Ela tinha certeza que eles foram feito um para o outro, assim como diz naquela música do Caetano Veloso "nós dois fomos feitos muito pra nós dois", era assim que ela via, mas sabia que ele não via assim. Ela tentava se conformar, era difícil, mas ela tentava.
Será que ele ia gostar de ter uma garota que toca baixo, que adoraria tocar nos bares nas madrugadas da vida com sua banda? Será que ele gostaria? Ela já haiva pensado em perguntar, mas mudava de idéia sempre, porque temia, não saber que ele não gostaria, mas sim que ele dissesse que não pretendia tê-la como A garota dele. Isso era terrível de pensar.
Um dia ela perguntaria, juntos ou não.
Ele dizia que gostava dela, não todos os dias, mas dizia. Dizia também que ela de alguma forma havia mudado os planos dele, não explicitamente, nas entrelinhas. E ela sorria e tentava acreditar e aceitar que o destino, ou melhor, que a vida havia lhe pregado a mais bela peça, onde ela não seria a princesinha indefesa e ele o forte príncipe, ela seria ela mesma, a menina da vida dele, e ele seria ele, o cara da vida dela.
Ela queria uma história engraçada, interessante e bonita. Tinha tudo nas mãos: o ótimo senso de humor dos dois e a própria situação, a situação que era assaz interessante e tinha ele (não do verbo ter, do verbo quase e do "eu acho que ele gosta de mim") , um pouco longe, é claro, mas tinha. Juntando tudo isso com certeza daria a história que ela imaginava. Era melhor mesmo ser realidade, né, mas como não tinha como ser realidade, talvez uma historinha suprisse.
Ele não parecia fazer muitas coisas por ela, mas ela imaginava que ele poderia fazer, assim como naquela música do Pato Fu:
ANORMAL

Rádio ligado
Troco estações porque
Não sei o som que você
Pode odiar

No supermercado
Eu tento escolher
O mesmo sabor que você
Deve gostar

Se é que conheço você
Só de te observar
Posso apostar que não vai
Me decepcionar

Mais que anormal
Eu devo ser
Pra ver você
Em todo lugar

Dentro do quarto
Vejo comerciais
Qual vai te convencer
Que ainda estou lá

No supermercado
Tentando escolher
O mesmo sabor que você
Deve gostar

Se é que conheço você
Só de te observar
Posso apostar que não vai
Me decepcionar

Mais que anormal
Eu devo ser
Pra ver você
Em todo lugar (2x)


Engraçada, né? Mas poderia ser a música deles, por quê não? Talvez os sentimentos não fossem
correspondidos em intensidade, talvez nem fossem correspondidos mesmo. Não sei de quem pra
quem, mas talvez não fossem correspondidos ou fossem.

Eu adoro falar daqueles dois, dois estranhos. Essa semana vou observá-los mais para escrever mais sobre eles.
São uma graça!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

25.11.08

Eu acordei querendo ser linda. Ok! Linda talvez fosse pedir demais, mas pelo menos bonita. Me olhei no espelho e vi aquele cabelo crespo nas alturas, aquele rosto marcado, aquela gordurinha que me irritava profundamente... Decidi voltar a dormir e ao sentar na cama, olheir para miha mesa e vi papéis escritos, livros e coisas interessantes e inteligentes. Pensei que talvez eu não precisasse ser linda ou bonita (pelo menos), precisava continuar tentando ser mais inteligente e interessante. Me olhei no espelho novamente e vi uma outra menina. Ela ainda tinha o cabelo crespo nas alturas, o rosto marcado e ainda não havia emagrecido o suficiente para ela, mas aquela menina sabia que tinha algo que outras meninas lindas ou bonitas não tinham tempo de ter (ou por serem lindas ou bonitas demais, ou por não terem tempo para isso por serem lindas ou bonitas demais): elas não eram tão interessantes, elas não liam livros interessantes, nem tinham assuntos interessantes. Afinal, eu sou interessante e isso é legal.

"Deixem as mulheres bonitas para homens sem imaginação."

domingo, 30 de novembro de 2008

Tô nem aí, ou tô aí até demais

Talvez seja melhor deixar pra lá e não arriscar. Tenho medo de pensar que podes não ser nada que eu penso, mas aí tem aquela música de Heróis da Resistência: "Será que você, não é nada que eu penso. Também se não for, não faz mal. Não me faz mal não."

Mas é tão fácil parar e desistir. E quantas vezes eu parei e desisti por medo, medo de quebrar a cara de novo? Não sinto que dessa vez vai ser diferente, mas se for é lucro. E como eu gostaria de lucrar... como!

Não importa o que o futuro me guardou, não importa o que o tempo vai dizer.
Tô gostando disso, pouco a principio, mas tô gostando. E se eu gostar demais depois? Bem... se eu gostar demais depois, eu dou um jeito e... "não vou deixar escapar, não vou deixar você me escapar."

Acho que está acontecendo de novo...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

"Um dia lindo de morrer"

Levantei da cadeira e meu black com certeza chamou atenção. Riram.
Desci do ônibus e eu era a única do sexo feminino na rua. Um homem estava na parada, um outro estava sentado num banco, e a rua estava vazia. Outro, estranho, daqueles que nós nojentamente e preconceituosamente julgamos, entrou na universidade e eu também entrei. O cara do banco ficou olhando pra minha cara.
Entramos eu, meus all stars, minhas calças jeans, minha camisa baby look lilás, minha mochila e meu black. Tava sol e fazia "um dia lindo de morrer". Tava quente, mas quem se importa? Pelo menos ventava.
Era domingo, eu estava com o cabelo solto, estava sol e estava quente, e ventava, e fazia "um dia lindo de morrer".
Tenho olhos e sentidos e vi o que Deus me deu pra ver nesse dia sol, quente, vento e "lindo de morrer".

Bom!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Na livraria

"Eu atendo o telefone: 'alô.', aí ele pergunta: 'quem tá falando?'. Né lasca?! Aí eu falo: 'tu me liga e ainda pergunta quem tá falando, tu é um ridículo mesmo!' ".

Hoje lá estava eu numa livraria do centro quando escuto um funcionário esbravejar isso para um outro colega. Eu estava empolgada olhando os livros na seção de política e me deparo com essa revolta.

Me pus a rir.
E ainda não tenho certeza se vou fazer jornalismo ou ciências políticas...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Uma tatuagem de E.T.

A primeira pessoa a quem eu falei da minha vontade de fazer uma tatuagem de E.T. foi um tatuador e body piercing que tinha um estúdio em frente ao meu apartamento.

Eu tinha ido lá pela primeira vez, e eu já morava naquele apê há 3 meses. Eu fui pesquisar preço de alargador para uma amiga e acabei perguntando o preço do piercing no trago.

Acho que ele sacou que de alguma forma eu gostaria de falar da minha vontade de fazer uma tatuagem de E.T. e mandou:
"E tatuagem? Já tem?". Foi o suficiente pra eu sorrir e falar de E.T.'s bonitinhos e com olhos gigantes. Ele sorria e não imaginava que quem falava daquele jeito era uma menina de 16 anos.

Ele ainda não sabe, mas sabe que uma menina menor de idade que mora no prédio na frente do estúdio tem vontade de fazer uma tatuagem de E.T.

É, uma dia eu vou fazer. E não, ainda não fiz o piercing no trago, estou pesquisando preços.

domingo, 9 de novembro de 2008

.

Só não me deixa no meio da semana
e
Pensa em mim.

sábado, 8 de novembro de 2008

Um pequeno desabafo:

As pessoas deveriam considerar mais as outras.
Uma questão moral, pô.
Só isso!

domingo, 5 de outubro de 2008

Meu mundo numa caixinha

Se eu pudesse colocaria meu mundo numa caixinha.
Ela seria toda colorida, seria bem gay, teria figuras legais coladas nela, seria do jeito do meu mundo.
Seria do meu jeito!
Se eu pudesse colocaria doces, um cobertor grosso lilás, um par de pantufas de joaninha, uma TV, um aparelho de DVD, filmes...
Colocaria meus livros e revistas.
...
Jogos de handebol, jogos de futebol, lutas de boxe, minhas meias laranja, meu pijama de bolinhas verdes, meus chinelos.
Colocaria meu mundo de poemas e poesias não escritos e não ditos. Meu mundo, meu íntimo...
É... eu colocaria tudo isso dentro de uma caixinha se eu pudesse e a enterraria. Um dia no futuro alguém a acharia e acharia legal e escrevia sobre mim. Ou acharia muio boring e idiota e daria na mesma.
Olhando assim acho melhor deixar meu mundo na minha caixola mesmo!

-

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Pessoas...

Pessoas.

Por que pessoas são tão interessantes vistas de longe? ou de perto...
Observá-las. Proponho-me a isso.
Imaginar o que cada uma pensa quando o sol está escaldante, ou quando vai cair aquele toró. Ou quando passa aquela pessoa bela na rua.
A mente humana... que coisa complexa, né?
Também acho. Tomo como ponto de partida a minha.
A gente pensa que sabe, pensa que vai, pensa que não, pensa que sim e não é, não faz, não pensa porcaria nenhuma. A gente acha que vai dar certo, acha que tem certeza. ACHA que tem certeza. CERTEZA!
É incrível como nos contradizemos até, ou justamente, nas palavras. Acho que elas são nossas inimigas. Bem, mas não são das palavras que eu quero falar. Eu quero falar das pessoas e como eu as vejo. Não quero estender muito, serei breve.


Pessoas estranhas, esquisitas, estilosas, quietas, caladas, misteriosas, moody, nerds, excluídas, inteligentes, peculiares me atraem. Ah! as tatuadas, cabeludas e furadas também. De uma forma muito forte. Não entendo, mas é muito forte. Sinto vontade de me aproximar e não desgrudar mais só esperando a próxima estranheza, esquisitisse, ou assunto interessante a ser dito.
Sim, eu sinto falta de pessoas assim no meu dia-a-dia, ou melhor, na minha vida. Talvez eu não seja nada disso, sei que não nasci assim, do jeito das pessoas que gosto, mas hoje... de acordo com a atual conjuntura social adolescente... bem, eu atinjo alguns pontos dos quais eu gosto muito.

Hoje, andando pelo centro vi muitas pessoas que me identifico muito. Adoro entrar em lugares onde sei que vou encontrar essas pessoas, e -pior- onde sei que não falarei com ninguém e ninguém falará comigo. Fazer o quê? Paciência!
Mas quando se gosta de coisas assim, é de se esperar coisas assim. Do jeito que elas são, do jeito que nasceram.
Caso contrário não seriam tão atrativas para mim.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Tem gente que acha...

Tem gente que acha que eu não preciso de carinho, ou de um abraço.
Só lembrando: eu sou humana!
Tem gente que acha que eu não preciso de atenção, ou de uma demonstração de afeto.
Tem gente que acha que essa cara de geralmente sorridente e brincalhona não sente dor.
Engano.
Tem gente que acha que eu não gosto de telefonemas, mensagens ou depoimentos.
Tem gente que acha que eu não gosto de convites, presentes ou bilhetes.
Engano.
Tem gente que acha que por eu não saber dizer "eu te amo" livremente, eu não gosto de ouvir um "eu te amo" livremente e inesperado.
Tem gente que acha que me conhece, mas de longe, não chega nem perto!

domingo, 7 de setembro de 2008

Um desabafo

Fui só, fui sua
Somente.
Praticamente nasci tua, praticamente morri sendo tua
Vivi na tua extensão, vivi pra te fazer sorrir todos os dias, confiei em ti todos os dias.
Hoje, sei que vivi tudo isso em vão
Não vivi.
Não se aproxime mais. Por que EU forteleço teu ego?
Há tantas outras mil por aí que nem se importarão em andar na tua sombra pro resto da vida.
Menino bonito, menino inútil, menino, exatamente um moleque!
Não, não te odeio, só não quero te ver. Já deu!
Não corra contra a direção da ventania, não corra em minha direção
Vá por mim, não te espero desarmada.
Hoje eu vivo, eu sei disso.
Apague a luz de outra, há tantas outra mil por aí.
A minha luz está reacendendo, não se atreva a apagá-la.
É só um aviso(risos).

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Faz sentido isso...

"Se ela te fala assim, com tantos rodeios,
é pra te seduzir
e te ver buscando o sentido
daquilo que você ouviria displicentemente.
Se ela te fosse direta, você a rejeitaria."

(Sentimental - Los Hermanos)

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Só Vou Gostar De Quem Gosta De Mim

Rossini Pinto


De hoje em diante vou modificar
O meu modo de vida
Naquele instante que você partiu
Destruiu nosso amor
Agora não vou mais chorar
Cansei de esperar, de esperar enfim
E pra começar eu só vou gostar
De quem gosta de mim

Não quero com isso dizer que o amor
Não é bom sentimento
A vida é tão bela quando a gente ama
Tem um amor
Por isso é que eu vou mudar
Não quero ficar
Chorando até o fim
E pra não chorar
Eu só vou gostar de quem gosta de mim

Não vai ser fácil, eu bem sei
Eu já procurei, não encontrei meu bem
A vida é assim, eu falo por mim
Pois eu vivo sem ninguém

E pronto

"eu me apaixonei pela pessoa errada..."
- Que ótimo jeito de acordar, dia!

Mel foi acordada por aqueele pagodão de domingo, daqueles muito velhos.

- Que mané me apaixonei pela pessoa errada! Só não foi no momento certo. Certo?

É, ela se deixou levar pelo pagodão e analisou a parte do "eu me apaixonei pela pessoa errada". Denis não era A pessoa errada, mas também não era a certa. Não pra ela. Não naquelas circunstâncias.

Denis: seu amigo que contava quase tudo de sua vida a ela, "pegador" e conquistador de garotinhas indefesas.

Mel: a garotinha (quase) indefesa do momento.

Pelo menos ela se classificou assim e pronto.

Naquela manhã Mel se tocou que poderia estar gostando dele, mas como assim? Não poderia ser possível e nem verdade. Seria o fim gostar dele.
Solução: se afastar e deixar pra lá. Certo? Errado!

A menina era virada e queria ele, queria fazer ele deixar de ser mulherengo, queria e pronto.
"Arrisque antes que seja tarde demais" não saia da cabeça.

No fundo ela sabia que não teria futuro, sabia e pronto. Depois de pensar um pouco decidiu deixar pra lá, e... pronto.
Preferiu continuar escutando e dando conselhos, e manter o ciúme escondido de tudo e todos.




e...

"Quem vai dizer ao coração que a paixão não é loucura?"

Fronteira

Meus sonhos, meus medos, meus amores...
Quatro paredes, um guarda-roupa, uma cama, uma mesinha, estantes... Instantes aqui, fora daqui.
Lá longe, bem longe, na fina fronteira do meu pensamento com o buraco negro de viagens sem volta.
Os instantes que quase atravesso a fronteira todos os dias. Os instantes que tento voltar, os instantes que tento não ir..., e as raras vezes que não vou.
Entre quatro paredes e em meio a roupas, livros, meias, bichos de pelúcia, sonhos, medos e amores, cá estou eu do lado "errado" da fronteira me forçando a quer voltar para algo que não me faz falta.

sábado, 19 de julho de 2008

Carbureto

Minha amadurecencia¹ forçada

Eu dentro de uma gaveta num processo de amadurecencia¹

O mundo me obriga a isso, me força...

Eu me esforço pra não ser desse jeito, eu me esforço

Eu sou forçada.

Desculpe-me pelos meus atos, meus pensamentos.

Desculpe-me pelo meu eu.

Menina de Carbureto.













obs: ¹ vide Teatro Mágico.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Olhar

Às vezes eu lembro de você da época em que não nos conhecíamos e como era mais fácil conviver.
Eu lembro que olhar era tudo o que fazíamos. Como eu gostava de te olhar e só.
Hoje eu posso te olhar e ficar sem graça, mais que antes até, quando tu me olhas também. Hoje eu posso te abraçar e até beijar tua bochecha.
Posso rir contigo, falar contigo e rir de ti. Já sei que posso.
Antes eu aguentava mais apenas olhar, hoje não tanto. Talvez seja porque eu posso tantas outras coisas além de olhar...
Só olhar (e de vez em quando) era "suficiente". Estou "saturada" de te olhar sempre e falar e abraçar e beijar tua bochecha...


E como eu minto mal!

domingo, 22 de junho de 2008

Tudo a Ver

Luiza Possi
Composição: Jorge Vercilo


Eu não fico vulnerável assim com nada
Tô com medo de entrar na pilha errada

Você morde e assopra

Eu não sei disfarçar

Pode até ser viagem minha

Quando a gente se vê
Eu não sei o que dá

Eletricidade no ar

Eu não sei se tem a ver, mas vou dizer
Eu tô louco por você

E vai ver, tudo a ver eu e você
Só você finge não ver

Finge não ver

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Só isso

Meu amor me disse "adeus".
Não levou nada, nada mesmo.
Deixou as tardes no banquinho, os beijos na lua cheia, os abraços à beira-mar.
Deixou comigo um coração de pelúcia e pedaço de papel: "eu te amo, mas não posso ficar. eu te amo muito!"
Maldito pedaço papel que não sai da minha agenda. Maldita agenda que não sai da minha bolsa. Maldita bolsa que não desgrudo. Maldito você que não sai da minha cabeça.
Maldito "eu te amo muito!".

Quero você aqui e agora. Não quero coração de pelúcia e muito menos um pedaço de papel. Não quero nem as tardes no banquinho, nem os beijos na lua cheia e nem os abraços à beira-mar.
Eu só quero olhar nos teus olhos e sentir tua respiração.
Só te quero perto.

Só isso.

De Lou à Lou

Faltavam alguns minutos para que eu tivesse realmente que acordar, mas só por teimosia acordei antes e fiquei enrolando na cama. Parecia mais um daqueles dias chatos e intermináveis, a começar pelo dispertador que passou meia hora pra tocar.
Levantei com uma dor de cabeça terrivel que se assemelhava a uma torneira pingando numa placa de metal no meio da noite. Percebeu como era irritante? Pois bem, isso não podia abalar meu fabuloso dia com cara chato e interminável, lavei o rosto e fui até a cozinha procurar algo que não desse trabalho para preparar. Pão com patê e água pareceu favorável.
Comi e fui trocar de roupa, parei em frente ao espelho e comecei a observar o quanto eu estava estranha fisicamente: cabelo meio preso totalmente assanhado, cara superinchada, seios imensos e, por incrível que pareça, eu acordei mais magra. Não se isso se deve ao fato de no trabalho eu só conseguir engolir uma jujuba a cada 2 horas! Um fato alarmante: me achar mais magra, o que me levava a crer que eu tinha acordado psicologicamente estranha também.
Bem, eu tinha exatamente meia hora pra chegar no trabalho e não escutar um "atrasada de novo, hein Lou?" daquela secretária gorda, velha e insuportável. Ok, ela não era nem tão gorda, nem tão velha, mas insuportável sim, é um fato indiscutivel! Troquei de roupa as pressas, escovei os dentes, calcei os sapatos, peguei a bolsa e corri pro elevador. Cheguei na garagem e... DROGA! Carro no conserto. Já estava conformada com o "atrasada de novo, hein Lou?" daquelazinha; parada de ônibus, lá vou eu!
Pelo menos o ônibus colaborou, não estava tão cheio e o motorista parecia também estar atrasado, mas o caminho era longo e o atraso inevitável, bem, eu já estava atrasada. Sentei e "relaxei". Minha cabeça latejava muito, o ônibus balançava muito e de repente eu vi que iria encher muito. Sem estresse, sem estresse, eu já estava sentada mesmo, só havia um lugar que era justamente ao meu lado, acho que aquelas pessoas já sabiam que naquela altura do campeonato só havia dois lugares no ônibus, mas eu estava lá, portanto só havia um! Elas se acotovelavam pra entrar, era deprimente ver aquela cena, algo como "Welcome to the Jungle". Alguém tinha que vencer e adivinhem quem venceu! Não, não foi a insuportável da secretária, foi uma moça interessante, mas a insuportável estava logo atras, o que significaria que ela iria ficar em pé e isso era inexplicavelmente gratificatante, me senti vingada pro resto da vida.
Mas a infeliz não me escapou e eu agradavelmente soltei: "atrasada hein?". Mas ela não se deu por vencida e disse com a cara de bunda mais ridicula do mundo: "atrasada, mas não estou atrasada DE NOVO!". Como alguém pode ser assim como ela? Eu não entendo! Meu inferno astral estava de volta, chegar com ela no trabalho era muito azar, e olhe que eu nem acredito nisso!

As horas não passavam, acho que ela atrasava o relógio com algum controle, era inacreditável como o tempo não passava naquela sala. Pessoas fúteis que só falavam de coisas fúteis e queriam formar adolescentes fúteis. Eu trabalhava numa revista para adolescentes, aquelas revistas que só falam de "como conquistar seu gato", ou "seus cabelos prontos para o verão", ou aqueles testes ridiculos de "será que ele é mesmo afim de você?". Coisas assim me deprimem. Então por que eu continuei lá? Porque eu tinha contas a pagar, era o meu primeiro emprego e eu sabia mentir muito bem(ainda sei).
Depois de 10 horas naquele universo rosa paralelo, minha cabeça doia mil vezes mais, mas a parte boa era o barzinho mais calmo e simpático da região era ali perto.
"Por favor um chá de camomila." O garçom era novato e era também o mais garçom visto lindo... digo, digo, o mais lindo garçom visto. Ele tinha cara de intelectual e que só trabalhava ali para pagar contas, porque era o primeiro emprego e ele sabia mentir bem. Talvez não fosse os mesmos motivos, mas parecia muito. Ele me sorriu e foi buscar meu chá, me trouxe numa xícara cheia de corações e eu ridiculamente comecei a fantasiar mil coisas com aquele cara. Como assim casar? Filhos? sou ridicula! Fui para casa tomar um banho e dormir, mas não consegui dormir, não mesmo. Aqueles cabelos compridos, aqueles olhos puxadinhos escondidos por trás de um óculos de aros pretos, aquele corpo magro, aquele piercing na língua e aquela tatuagem meio a mostra por baixo das mangas... Eu suspirava, tem noção?!
Parecia uma adolescente! Uma adolescente de 20 anos suspirando por um cabeludo tatuado com piercing, com certeza meu avô adoraria conhecê-lo.

No dia seguinte, depois das horas intermináveis, lá estou no barzinho mais calmo e simpático da região novamente só pra ver meu cabeludo e lá estava ele do mesmo jeitinho... "Oi, aqui está o cardápio." *tum tum tum* "Obrigada!". Virgemmariasantíssima, que voz, que jeito, que... puta merda!eu estava apaixonada. Mas nada importava, afinal eu trabalhava quase 9 horas por dia e eu nem gostava do meu trabalho, o que tinha demais me apaixonar pelo homem perfeito? Nada!
"Oi, eu vou querer um chá de camomila por favor."
"Ok. Já venho."
Sorri.
"Aqui está seu chá." e sorriu. Um sorriso lindo!
Passei a acordar mais cedo, sair mais cedo, chegar no trabalho mais cedo (evitando assim os "atrasada de novo, hein Lou?" daquela mosntra), saindo do trabalho mais cedo e indo pro Zen mais cedo, tomando chá mais cedo e saindo mais tarde, claro!
Depois de um mês frequentando o Zen diariamente, até o gerente me conhecia, isso era bom porque o Yuri também me conhecia.
"Oi Lou, vai querer o que hoje?"
"Tá afim de me trazer o que hoje, Yuri?"
"Um chá de camomila, pode ser?"
Nos aproximamos muito e um dia ele perguntou se eu não queria que ele me levasse em casa.
"Olha, eu não tenho moto, nem carro, nem bicicleta, mas pago sua passagem, pode ser?".
Foi assim que eu descobri que eu nunca mais queria ficar sem ele.

Doscobri que ele trabalhava com tattoo e body piercing, mas não tinha dinheiro pra montar um estúdio, por isso trabalhava na Zen, ele tinha 22 anos de idade e tinha uma filhinha de 2 aninhos que se chamava Lou! Eu fiquei boba com isso. A pequena morava com a mãe e visitava ele nos finais de semana e ele se desdobrava pra pagar pensão alimentícia. Foi criado com o pai, a mãe morreu num acidente de carro quando ele tinha 15 anos e o pai morreu quando ele tinha 21 anos, ainda conseguiu ser avô.

Saíamos nos domingos à noite depois que a pequena Lou ia embora, mas éramos só amigos e eu detestava sair com ele, o meu melhor amigo. Quase todas as minhas noites de segunda à sexta eram no Zen, com ou sem chá de camomila. Uma amiga minha, a única creio, sempre dizia que ele gostava de mim, mas era uma questão de tempo. Seis meses.
Ele montou o estúdio e logo depois me pediu em namoro, 5 meses depois ele pediu para que eu me casasse com ele, ou melhor, juntasse os meus trapos aos dele e a minha vida a dele. Passaram 2 anos até que a Kamille, a mãe da filha dele, se matou e a gente pasou a criar a Lou. Ela é uma graça, e passou a me chamar de mãe. É muito estranho ser chamada de mãe aos 23 anos por uma criança que tem o mesmo nome que o seu.
Yuri ganhava bem pacas com o estúdio e eu sai daquela revista para adolescentes cabeça oca e fui para outra bem melhor.

Somos uma família feliz. O Yuri trabalha no que gosta, eu também e a Lou... bem, a Lou quer fazer uma tatuagem aos 13. Decidimos não entrar numa crise familiar agora.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Rãs numa manhã de domigo

Frio e saudade.
O frio a gravava a saudade eu sentia do Yuri. Nossa pequena Lou dormia angelicalmente naquela manhã fria de domingo.
Viagem a trabalho. Tão chato isso. Duas semanas sem ver o homem que pagou a minha passagem do ônibus e me deixou em casa sã e salva. Eu sabia que ele era pra casar.
Decidi então passar o tempo, só para variar, escrevendo. Sentei na varanda e, de frente à muitas árvores e ninhos me veio a idéia de escrever sobre a natureza, soltar meu lado ultra ecológico. Já havia escrito alguns parágrafos, quando escuto um grito.
Era Lou.
Meu Deus!
Larguei tudo no chão e saí correndo em disparada, minha filha estava encolhida no canto cama fugindo de duas rãs nada agradáveis. Não pensei duas vezes e agarrei aquelas monstrinhas e as joguei do quinto andar, peguei Lou e conversei que aqueles seres não faziam medo, e sim tinham medo. Concordo que foi algo difícil de fazê-la aceitar, mas no final das contas ela estava chorando porque "as rãsinhas morreram, mamãe".
Enquanto ela tomava café da manhã, eu fiquei sentada na varanda pensando sobre o meu amor pela natureza. Percebi que agi mal matando duas rãs só para minha filha não ficar gritando, matei dois seres inocentes e indefesos. Já estava na sétima folha só escrevendo sobre rãs e maldades e coisas do gênero.
Rasguei tudo.
Natureza... amo muito, mas não nasci com o dom de realmente aceitar tudo. Deixei isso para a inocência da minha filha que mostrou um desenho lindo: ela abraçada com duas rãs.
Se o Yuri estivesse em casa, as rãs não teriam morrido, mas quem mandou escolher a hora errada.
Descobri que não amo rãs.
Lou sim, descobriu que ama muito as árvores, pássaros e rãs. Ela ama muito as rãs.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Amor de cinema

Amor...


Me liga bem cedinho e diz que me ama, ou bem tarde pra me lembrar que ama. Me deixa sorrindo à toa o dia inteiro, me beija quando eu menos esperar. Implora pra que eu fique um pouco mais, e faz drama, eu preciso dos teus dramas cinematográficos.


Eu amo tuas cenas carinhosas em câmera lenta, e amo mais ainda quando tu pula as cenas de briga. Quado tu começa a me olhar e dá pause, ou quando tu me diz que pararia a noite pra sempre só pra ficar me fazendo rir como uma boba apaixonada.


O teu amor de cinema me faz sentir num filme alternativo, num filme com cenas e histórias altamente inesperadas.


Quando tu lembra que o que eu fiz pra te conquistar foi algo como Amélie Poulain, e que se eu não o tivesse feito teu albúm jamais estaria completo...


É, eu sei que amores cinematográficos não saem da tela e quando existem acabam tão rápido como a melhor cena de um filme.


Não me importa, não me importa mesmo se o nosso filme não for todas as horas cenas bonitas, o que me importa é o meu e o teu papel nele, que tu não esteja só interpretando o personagem, quero que tu seja o personagem.