quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Felicidade nem tão nua, nem tão crua

É tão ruim quando você tem tanto pra falar, tanto pra desabafar, tanto chorar. Nunca desejei tanto que cachorros pudessem falar.
É tão amargurado esse sofrimento de não sei o que, essa trava na garganta, essa vontade de morrer.
É tão triste não ter coragem mais pra nada, nem pra morrer, nem pra viver, nem pra escovar os dentes. Quem sabe inanição? Não, dói e eu tô sem coragem pra sentir dor, to sem coragem pra sofrer também. Daí de repente eles vem e me cobram carinho, uma late, o outro arranha... Me arranca um sorriso amarelo e uma reflexão: "quem vai cuidar de vocês se eu morrer agora?". É, meus pais, digamos, mas só eu que deixo subir na cama e sento no chão e deixo ser lambida.
Tudo isso deveria me trazer alegria, mas nada traz. Sorrir não significa ser ou estar feliz. Estar feliz não significa ser feliz. E o que é ser feliz? 
Achei que seria poder dormir depois das 18h.
Então, não era isso.
Achei depois, que fosse brincar até tarde. Até foi um certo tempo.
Então pensei que seria a primeira menstruação. Acho agora que seria a última menstruação. Nem isso, nem aquilo.
Talvez uma roda grande de amigos. Aí você descobre que amigos de verdade não estão nas rodas. Triste.
Supus que fosse depois dos 15 anos ou segundo grau completo. Ledo engano.
Ah! então, com certeza, é depois da primeira noite de sexo. Não é!
Depois do primeiro baseado? Han-han.
Porra, na formatura do terceiro grau. Lógico! Lógico que não é, não foi, não será.
Um emprego. Não é. Não depois de três, se não foi antes não será agora.
As outras noites de sexo! Tá ai, como não pensei antes?! Até que são bem legais, mas não é bem lá que está a felicidade. Seria muito injusto só alguns segundos de felicidade.
Que merda! Então onde estará?
Acho que está em tudo isso, mas principalmente não está em nada disso. Está em algum lugar em você, intocável, que só você vê, que só você sente e que só se tornará palpável quando você parar de procurá-la nessas coisas.
Mas talvez ela ainda esteja lá nas brincadeiras até tarde da noite quando você não procurava por ela incansavelmente. Acho que agora ela se escondeu e pede pra que você volte a brincar até tarde da noite sem preocupação, sem rancor, sem dor.
Ela está ai.
Desnude-se!
Posso não estar sorrindo à toa como antes ou como eu gostaria; nem estar com a paz de espírito tão almejada. Sinto que uma mudança de hábitos me fará um bem.
Preciso meditar. E parar de fumar.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Não que não valha a pena, vale. Mas dói, de tal forma que tira o ar e a vontade de viver. Só que eu não morreria por você, no momento eu não morreria por ninguém, só morreria por mim. Essa estúpida vontade contraditória de viver querendo morrer, de querer não querendo, de fazer não fazendo, de dizer desdizendo. Não peço mais compreensão, nem mais carinho, nem mais amor. Só me deixe ir, me deixe sumir por três dias, passar uma noite na rua cem celular, me deixe desconectar.
Não costumava mais, mas voltei a chorar, redescobri que lava a alma, mas ainda aperta o peito e toma tempo da vida e rouba o sorriso. Aquele sorriso que te conquistei. Hoje eu preciso de mim inteira como nunca mais havia precisado. Preciso da rua, do mundo, do vento e de tempo. Ah, o tempo, me sacaneia sempre e a todo momento, todos os anos e na mesma frase "dê tempo ao tempo".
Não que não valha a pena dar tempo, vale. Mas dói.
É bem próprio do amor ser como vacina; algumas gotinhas a mais pode te matar.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Um fato do dia 20 de junho de 2012


Ontem algumas crianças puxaram meu cabelo no onibus, e eu chorei. Mas o que doeu não foi necessariamente o meu couro cabeludo, o que doeu foi ver crianças com um preconceito que elas nem sabem porque têm. 
Na verdade é o que doi todo dia. Doi os olhares, os comentários e até os puxões de cabelo. Essa ditadura de cabelos lisos, faz com que quem tem o cabelo "diferente" (porque existe um tabu pra dizerem que seu cabelo é crespo, portanto ele é "diferente, mas é tão bonito!") seja tratado como diferente. Sim, meu cabelo é diferente do seu porque meu DNA é diferente do seu, minha fibra e meu corte, tudo isso deixa meu cabelo diferente do seu, inclusive a minha escolha de não alisá-lo, me faz diferente de você. Mas respeito é igual!
Não espirrando desodorante em quem fede ou dando pastilhas de menta pra quem tem mal hálito. Então por que eu tenho que ser apontada, gozada e receber puxões de cabelo dentro do ônibus? Parece drama e eu deveria esquecer, afinal eram crianças. Mas o problema vem muito antes dessas crianças nascerem e é passado quase que pelo sangue. E até quando vamos ficar calados diante disso? Devemos modificar a raiz do problemas, educar as crianças hoje para que o adulto de amanhã não diga pro seu filho que ser diferente é feio. Até porque se todos os negros assumissem sua negritude, meu cabelo crespo não seria diferente, na verdade era o seu cabelo liso que seria.
O preconceito doi no corpo, mas doi muito mais na alma.

De repente você descobre o que te deixa triste, descobre o que te impede de mudar isso e toma consciência de que mudar é, agora, vital. 
Percebe que dormir muito é legal, mas não é tão legal assim. Acordar cedo e produzir mais é mais interessante. Que passar horas lendo qualquer coisa é mais interessante que assistindo qualquer bobagem. Que tomar um banho de mar é o melhor banho de sal grosso. Percebe que nem todos os santos, anjos e orixás não podem fazer um trabalho por você se você não se movimentar. Que pensar positivo ajuda, mas não é tudo. Que, sim, o universo conspira a seu favor, mas só quando você merece. E você só merece quando trabalha. 
Descobre que problema de atenção é sim o problema da sua vida, mas que só lamentar por tê-lo não vai te fazer ter mais atenção e concentração.
Quando você cansa de se arrumar desculpa e passa a entender tudo isso, você arruma motivo para acordar cedo, tomar um banho de mar e ir buscar o que realmente é seu, aí sim, todo pensamento positivo vai fazer o universo conspirar a seu favor.
Hoje é o dia. Quando tudo começa e recomeça. Hoje é o melhor dia para começar a bendita dieta, é o melhor dia para começar um novo projeto. Hoje é mais que o melhor dia para tomar novos rumos e alcançar o céu. E sabe porquê hoje é o melhor dia? Porque é HOJE que você está vivo. É só o hoje que EXISTE. Nem ontem, nem amanhã, nem segunda. Comece hoje, exatamente hoje, tudo o que você deseja fazer. Não precise de uma segunda-feira para começar um regime, nem de um feriado para organizar as idéias. Simplesmente comece hoje. Valendo!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Será que tô me expondo?

O que de fato me expõe? 
O tamanho do meu short? O tamanho do meu decote? Andar nua pela casa com as janelas abertas? Aceitar meu corpo nu numa rede social? Mostrar o que sinto?
O que faz com que os outros pensem de mim? Meus cabelos sem pentear que prendo de qualquer maneira e vou passear com os cachorros na rua? Minha roupa amarrotada que tive preguiça de passar em plena quarta-feira? Minhas palavras jogadas na atmosfera?
O que de fato me expõe? Tudo me expõe. Especulações da vida privada, da vida descarga, da vida coco. Tudo será motivo para uma exposição. Tomar um café, fazer check-in, uma frase dita em algum momento, uma foto... Aquele dia que não foste convidado pra'quela festa e mesmo assim foste porque seu brother era brother da galera, ou aquele dia que choraste em público por causa de uma dor de cabeça, ou aquele que chagaste na faculdade atrasada, com cabelos molhados, e uma roupa qualquer. 
Sabe, sempre alguém vai pensar o que quiserem. Não importa se o choro foi uma gaia ou uma morte, se andar descabelada é moda ou desleixo. Você se expõe a todo momento.
Mas o que é se expor na verdade? Algo que criaram, que disseram que você não podia falar, fazer, usar ou pensar isso ou aquilo. Na verdade você pode. É, pode sim! É seu, é você e só você responde por isso? Então você pode.
Mande um beijo pra sociedade.


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Paz.
Ciência.
Paciência.

A raiva

Sufoca. Aperta o pescoço com a mesma leveza de quem acaricia seu rosto ou afaga seus cabelos.
Queima. Queima que nem o poema quando lido na intensidade do pulsar do sangue nas veias.
Enjoa. Uma náusea sem propósito, sem comida estragada, sem gravidez. Mas com gravidade porque...
PESA! Cinco, dez, vinte, mil quilos. Nos ombros, nas pernas, nos olhos, nos peitos, nas unhas. Toneladas de alguma coisa que coisa alguma seria tão ruim.
Arranca. Toda fé, meta, sonhos, obstinação. Joga no ralo, na privada, no bueiro... na sarjeta. Tira na força, mas deixa o amargo na boca.
E por falar, AMARGA, trava. É rançoso, ruim, rancoroso, raivoso, nervoso. A boca saliva, mas não mata a sede, tu engole a saliva, mas a garganta permanece seca. É suco de caju.
Dói, rói e corrói. Pinga devagar, abre buraco mental, enferruja as artérias e os sentimentos. Tira a cor dos cabelos, a melanina, o batom, o esmalte, o sapato, a roupa.
Nua. Te deixa assim: sem pele e sem roupa, corroída, queimada, sem fé, sufocada, enjoada e tomando um terrível suco de caju na sarjeta.