terça-feira, 27 de novembro de 2012

Digo que cansei de me declarar. 
Menti.
Cansei de não ser levada a sério.


O céu pedia uma foto, posava pra mim, me sorria, me convidava a ser sua a noite inteira. 
Negro, lindo, nítido.
Senti vontade de me entregar, de deitar na areia e esperar a vida passar.
Mas não pude. Não pude roubar aquele momento pra mim, não pude tocar naquele momento. 
Guardei o que meu olhos míopes me deram.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Vou te pedir pra que fique mais um pouco, pra que ria mais um pouco, pra beba mais um gole. 
Vou te pedir que me abrace de novo, me embale de novo, me beije de novo e mais um pouco.
Vou te pedir só uma tarde. Não vou pedir muito, porque não quero mais que isso. Só quero o pouco de um sorriso, de um abraço, de um beijo, de um gole.
Vou te pedir isso porque já estou indo. Estou partindo daqui e só q

uero lembranças boas.
Quero lembrar da areia, do mar, do sol nascendo, da mesa de bar, do vinho barato, do cigarro, do cinzeiro, da cara embriagada, do espelho, do banheiro, das anas, dos labirintos, das sacanagens, das semanas apertadas, dos dias monótonos, das chamadas perdidas, dos banhos demorados, dos gritos, das luzes, das pontes, dos perigos, dos manés, dos cachorros de rua, de madona, do pinto de brennand, do dedo do meio, do rio, da lama, das esculturas, dos amores, das chuvas, das vanguardas, dos casulos, das borboletas. De vocês...de você, dele, dela, daqueles.
Por isso vou te pedir mais um minuto. Preciso guardar nitidamente todos os sorrisos, o seu também e o latido daquele cachorro e o do meu cachorro também.
Quando o olho jorrar são as últimas lembranças que vão me abraçar. Não vou ter mais abraço, nem sorriso, nem vinho barato, nem boteco, nem carinho.
Por isso eu peço, beba mais um gole comigo.

Uma dose de amor ou de vodka?

É algo que não se devia sentir, que se deveria esquecer, deixar pra lá, apagar. Algo bem simples de falar, mas tão simples que não deixa de ser assunto um dia sequer. Mas quem controla? Quem diz "vou ali beber uma vodka e esquecer um amor"? 
Seria bom que fácil como tomar vodka!
Sinto que nada é tão fácil quando se trata de você. Parece que nada faz sentido e eu fico buscando desculpas esfarrapadas para desculpar tudo, para fingir que não estou errada. Mas estou errada por querer demais, por gostar demais, por imaginar demais coisas que são surreais.
Percebi que perdi a razão quando me peguei falando "ah, mas eu casaria com ele". POR QUE? Não tem resposta. Dizem que você sabe que tá amando quando não tem explicação pra tanto querer. Mas pode ser burrice, penitencia ou caduquice.
Razão. Não tem. Nem motivo, nem coragem pra dizer que não dá mais.
Poderia citar milhões de textos, pensamentos, músicas...
Mas só vou ali beber uma vodka.

sábado, 10 de novembro de 2012


Se você já sentiu o cheiro das lembranças, sabe do que eu to falando. Aquele cheiro de viagem, cheiro de um tempo bom, de uma sensação boa. Falo de cheiro mesmo, aquele que o olfato não deixa enganar.
Esse cheiro de mudança, de coisa boa... Esse cheiro nunca me engana, é tão certo quanto o cheiro de poeira que me faz espirrar. Esse, me faz sorrir. Sinto esse cheiro de longe e o coração já acelera.
É esse cheiro que gosto de sentir.

Mensagem do dia

"Não julgue pequena demais sua tarefa.
Nenhuma obra de arte pode descurar dos pormenores.
Se as minúcias forem perfeitas, é que podemos denominar alguma coisa de obra-prima.
Não busque tarefas grandiosas e de evidência.
Procure dar conta integralmente do serviço pequenino que lhe foi confiado.
Da perfeição com que o executar dependerá sua oportunidade para receber uma incumbência maior."

Minutos de Sabedoria


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Nem tudo que se expõe é bom

Eu me expus e tive medo. Pressenti. Acertei.
Desde criança resolvi não lutar contra meus pressentimentos, mas se você eu não uso a razão.
Descabeçada fui atrás, atrás, atrás... Fiquei pra trás como quem perdeu o rabo do cometa.
Descabeçada fiz a volta e fui atrás, atrás... "Dessa vez não, tenha calma que é diferente" alguém falou.
E me expus, peguei na mão e beijei na boca. Botei na mesa aquilo que sempre foi teu, só pra te dar certeza. 
Te dei.
Certeza.
Carinho.
Compreensão.
Não precisava, mas quis dar amor também.
"Contenha-se". Porra nenhuma!
Descabeçada quase dei tudo.
Era você. Descabeçada e desrazoada não me importava.
Mas quando dói a gente se importa, a gente liga e a gente quer de volta.
Porque pisou, porque magoou, porque virou a mesa e a gente quer de volta tudo aquilo que foi dado e não foi bem cuidado.
E eu me expus de novo e tomei na força. Não contra você, foi contra mim.
Tomei na força a certeza, o carinho e a porra do amor. Eu ainda compreendo você. Compreendo o mundo, por que não haveria de compreender você?
Juntei tudo de qualquer jeito e voltei de ré, olhando pra trás, esperando qualquer coisa que se espera quando se vai embora.
Não tive.
E fui deixando pra trás. Estou no meu lugar, talvez. E talvez me exponha pra você.
Nem toda arte é arte de verdade - e Duchamp que o diga!
Nem toda arte é apreciada por quem sabe apreciar uma arte que não é arte.
Como nem tudo que é arte é bom, nem tudo que se expõe é arte.
Nem tudo que se expõe é bom.

Eu que pensei

Eu que pensei que era forte demais
Que apesar de grosseira era doce
Apesar de rude era leve...
Acabei percebendo que sou mais que isso.
Que sou muito intensa
Que sou grossa demais, doce demais, rude demais, leve demais...
E a força...? Esta ainda não aprendi a medida certa.