terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Um fato do dia 20 de junho de 2012


Ontem algumas crianças puxaram meu cabelo no onibus, e eu chorei. Mas o que doeu não foi necessariamente o meu couro cabeludo, o que doeu foi ver crianças com um preconceito que elas nem sabem porque têm. 
Na verdade é o que doi todo dia. Doi os olhares, os comentários e até os puxões de cabelo. Essa ditadura de cabelos lisos, faz com que quem tem o cabelo "diferente" (porque existe um tabu pra dizerem que seu cabelo é crespo, portanto ele é "diferente, mas é tão bonito!") seja tratado como diferente. Sim, meu cabelo é diferente do seu porque meu DNA é diferente do seu, minha fibra e meu corte, tudo isso deixa meu cabelo diferente do seu, inclusive a minha escolha de não alisá-lo, me faz diferente de você. Mas respeito é igual!
Não espirrando desodorante em quem fede ou dando pastilhas de menta pra quem tem mal hálito. Então por que eu tenho que ser apontada, gozada e receber puxões de cabelo dentro do ônibus? Parece drama e eu deveria esquecer, afinal eram crianças. Mas o problema vem muito antes dessas crianças nascerem e é passado quase que pelo sangue. E até quando vamos ficar calados diante disso? Devemos modificar a raiz do problemas, educar as crianças hoje para que o adulto de amanhã não diga pro seu filho que ser diferente é feio. Até porque se todos os negros assumissem sua negritude, meu cabelo crespo não seria diferente, na verdade era o seu cabelo liso que seria.
O preconceito doi no corpo, mas doi muito mais na alma.

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