domingo, 29 de março de 2009

Debaixo da lua I

Na oitava série éramos muito amigos, ele ia lá pra casa e nós conversávamos, jogávamos, estudávamos, contavamos para o outro nossos segredos e ele gostava de fazer brigadeiro pra gente, nunca fui boa fazendo brigadeiro. Passávamos horas na locadora escolhendo filmes. Às vezes os de terror, ou os alternativos, ou os de comédia romântica - que ele detestava, mas mesmo assim pegava, ou ficção, bang-bang... Sempre levavamos 4 ou 5 filmes e assistiamos todos comendo brigadeiro e pipoca. Era o máximo. Fugiamos para ir à shows e escondiamos um grande amor, esse era o único segredo que não sabiamos um do outro.
Nos formamos e a comemoração foi uma viagem. Foi nessa viagem onde tudo começou; ele me beijou e disse que me amava e que sempre me amou desde a quinta série e que agradecia a Deus pela nossa aproximação na oitava série. E que precisava saber se eu pelo menos gostava dele. Ele despejou tudo e a única coisa que consegui fazer foi sorrir, de repente eu gargalhava e de repente eu chorava também. Era óbvio que eu o amava, tava mais que na cara.
Namoramos 6 meses e no meio do primeiro ano do ensino médio ele teve que se mudar junto com a familia para outro estado. Acabamos. Eu chorava todas as noites.

domingo, 15 de março de 2009

Expectativa

A cada rosto novo uma nova expectativa. Era assim que Kimya estava vivendo seus dias, sempre colocando uma nova expectativa. Talvez parecesse bom, mas algumas vezes era frustrante.
Ela imaginava situações, imaginava como ela se tornaria amiga daquele gay super estiloso da faculdade, ou como aquele cabeludo que pegava o mesmo ônibus que ela iria se apaixonar loucamente por ela ou então como ela teria amigos loucos de todos os cantos da cidade.
Cada rosto que surgia na frente dela, era motivo para os devaneios. Somente.
Nada de amigos loucos novos, nada de amizade com nenhum gay estiloso e nada de cabeludos, carecas, moicanos, gordos, magros, brancos ou pretos apaixonados loucamente por ela. Ela procurava demais. FATO!
Ela até que arrumava amigos novos, gays, lésbicas, bi, heteros, mas nenhum era normal, porque ninguém é normal, inclusive ela. Mas algo ainda faltava, era aquele serzinho para andar de mãos dadas e ficar idiotamente feliz ao seu lado, coisa de momento, mas importante.
Ela sabe que vai encontrar, mas nem todas as estórias têm finais felizes e ela ainda está só, mas agora ela aceita e consegue controlar a carência com outras coisas lícitas.
Olhando por esse ângulo até que é um final feliz...

terça-feira, 10 de março de 2009

Naquela praia

Acordei cedo, desci para tomar café e subi pra tomar banho.
Ele precisava estar lá, era minha ultima chance de beijar a boca mais linda daquela praia. Ir à praia nunca foi tão fácil, já beijar aquela boca não digo o mesmo.
Ele estava lá e ao me ver sorriu. Ele me queria na mesma proporção que eu o queria, talvez mais.
Com meu ar de burguesinha louca pelo plebeu, me sentei na beira do mar debaixo do guarda-sol e esperei. Das 9h as 14h. Ele estava trabalhando e a burguesa ali era eu não ele. Ele tinha que ganhar o pão dele e a minha boca e o meu 1 metro e 60 centímetros não iriam atrapalhá-lo, não naquele momento.
Deixei que cuidasse de seus afazeres e as 14h tive que ir embora e deixar lá aquela praia, aquele marzão, aquela boca... NÃO! De jeito nenhum. Ele também queria, foi mais fácil. Ele me beijou e eu sosseguei, ele me beijou de novo e eu me excitei, foi inevitável. Fui-me embora.
Ainda lembro daquele beijo naquela praia.

Antes de ir, passei lá e dessa vez eu o beijei. Ele não perdeu o emprego, assim espero. Entrei no carro e burguesamente fui pro aeroporto e meu fim de ano/férias ficaram naquela praia e o gosto ainda tá na boca.
Meu voô era as 18h.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Um lindo sorriso moreno

Cheguei na parada e imaginei que meu fabuloso ônibus já havia passado. Havia um garoto cor de chocolate sentado no chão esperando o seu ônibus, e resolvi, então, perguntar a ele se o meu havia passado. Não havia.
Soltei a bolsa no chão e me encostei, sabendo que a espera seria longa. Certo momento percebi ele olhando pra mim, mas grande coisa, eu estava com uma legging, querendo ou não eu estava chamando atenção. E eu estava em pé!
Cansei de ficar em pé, retirei os chinelos e sentei sobre eles, não estava confortável, mas foi relaxante. Cansada...
Ele puxou a conversa e eu conversei. Foi simples e legal.

Meu ônibus chegou primeiro que o dele e ele me deu um lindo sorriso moreno e um irônico "boa viagem". Sorri de volta e soltei um 'confortante' "boa espera". Subi no ônibus e ele acenou lá do chão.

domingo, 8 de março de 2009

Parabéns...


Para nós meninas-meninas, meninas-mulheres, mulheres-meninas e mulheres-mulheres.
Parabéns por termos força e sensibilidade na medida certa, por sabermos falar e calar, por termos o poder de percepção aguçado, por termos carinho, medo, amor, segurança, raiva, esperança e tantas outras coisas desmedidamente e na medida certa.
Parabéns paras as mães, trabalhadoras, amigas, namoradas, esposas, irmãs, tias e avós.
A igualdade total existirá e não tardará, já conseguimos coisas consideráveis. É óbvio que homens são fisicamente mais fortes, mas a nós foi dada a responsabilidade da sensibilidade, do amor, somos nós quem damos os primeiros direitos vitais. Que outro ser Deus daria tal responsabilidade?
É bom lembrar a data, mas melhor ainda é que façamos que todos os dias seja nosso. Que façamos valer o dia que estamos vivendo.
Sabemos que muitas morreram para termos o pouco que temos hoje, um dia só não é o bastante, e ironicamente amanhã é segunda-feira, mas o que importa se nós sabemos que todos os dias são nosso?!

Mulheres já somos, todo o resto a gente tira de letra.