quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Não quero saber

Eu não quero saber de amor, não quero saber de amor nem dor. Não quero saber se chove, se ta nublado, ou vem se aproximando frentes frias e eu devo sair com guarda-chuva e bem agasalhada. Não quero saber se eu não usar protetor solar vou ter uma queimadura de terceiro grau na cara. Não preciso me incomodar se os outros vão olhar uma mancha escrota na minha coxa se eu sair de short, não quero saber que vão ficar querendo entrar nos meus peitos se eu usar decote, não me importo de ajeitar o sutiã na rua, nem de tirar o esmalte no ônibus, nem de comer pizza com a mão nesses restaurantes caros que meus amigos me convidam, afinal pizza foi feita pra comer, quem liga se eu como com os pés? E se eu não tivesse mãos? Precisamos rever nossos conceitos.

Não quero me preocupar em ter que ir à praia pegar uma cor porque estou amarela, sou negra, pô, quem liga? Não quero que digam que não sou culta porque danço brega, não quero que me rotulem porque falo do assunto a, b ou c. Sou uma mistura, e como em uma mistura falha existe um elemento que predomina mais, no caso é o meu caráter, ele deve ser levado em conta quando eu discuto tais assuntos, e não, definitivamente, o assunto não deve me definir. Prestem atenção como eu vejo as coisas, preste atenção no meu caráter. Ultimamente questionável.

Não quero saber de verdades prontas, enlatadas, mas gosto de princípios, e eles não caracterizam opiniões formadas sobre tudo. Tenha os seus, cultive os seus próprios princípios, basei-os em teses que saiba defender. Não que o céu não é azul porque, por uma questão de princípios, discordo das verdades milenares. Não seja estúpido! Até por uma questão de princípios.

Eu não quero saber quem sofre, quero que sare o sofrimento, não quero saber quem morre, quero que pare a matança, não quero saber quero saber quem ama, quero que seja feliz. Sempre as pessoas procuram o inicio das coisas, mas isso não importa mais, já passou, é o meio que precisa de reparos e não o começo, pois os fins precisam de finais coerentes, se forem felizes, ótimo, mas no mínimo coerente. E não, nem sempre os fins justificam os meios.

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